sábado, 29 de setembro de 2012

Revolta

Hoje é sábado, está chuvoso, frio e eu estou na cama com o pc toda a me coçar com o cabelo sujo, pêlos grandes, sem vontade de fazer nada a não ser comer doce. Meus pais fingem que está tudo bem e não falam nada e eu evito de encontrá-los dormindo o máximo durante o dia. Tenho vergonha de falar sobre meu estado, pois pareço uma mulher das cavernas em todo mau sentido que possa ter.

Fiquei assim desde a terça feira: cheguei maravilhada com minha noite no trabalho: estava tudo muito perfeito, eu tinha ajudado bastante e queria ter com quem conversar, mas não tinha ninguém, fiquei chateando meu pai que estava muito cansado e depois senti uma solidão enorme. Minha quarta foi de agonia: não consegui nem dar atenção à Beatriz: dormi muito... Acordei em cima da hora, corri para me arrumar e pai quis gentilmente me dar um rádio para escutar durante o banho, pois música realmente motiva. O problema é que interpretei essa gentileza como se fosse sinal de que eu fosse muito retardada, de que eu precisasse sempre de alguém do lado limpando minha baba (acho q o carrasco mental despertou com toda a fúria)... Quem disse que consegui entrar no banheiro? Pedi para todo mundo sair mas lá fiquei encostada na parede, pensando coisas sem fundamento e depois saí correndo, me tranquei no quarto, só despertei quinta com o celular avisando que era hora do remédio.

Na quinta fiquei com vergonha de não ter ido ao trabalho e com uma sensação grande de derrota. E ver meus pais querendo me ajudar sem saber como me deixava mais angustiada... Eu só pensava em morrer, mas até esse pensamento era angustiante, porque para mim seja viva ou morta, eu só causo desgosto para meus pais. E não quero causar dor a eles, não quis conversar com a psicóloga, estava muito mal pra isso e com os pensamentos muito confusos. Na verdade eu não entendia nem o que estava sentindo, não sabia dar nome a esse rancor de ser tão estranha. E às vezes desejava muito que meus pais me batessem, que fossem maus comigo, porque a bondade deles me castiga demais...

Sexta conversei com meus pais e expus minhas angústias em relação à escola, meu medo de que achassem que eu falto por brincadeira, a sensação de que faltava um relatório, alguma orientação sobre meu caso para os coordenadores e painho disse q ia lá conversar com o diretor. Eu esperava mesmo isso dele... Fiquei esperando ansiosa, mas não fui junto, queria q pai explicasse, mas eu não queria ir (Falta de lógica, mas na hora tinha uma lógica total). Fiquei quase sem respirar até painho voltar. Mas ele disse que a escola estava escura e ele voltou pensando que não houvesse ninguém. Esqueci de dizer que a biblioteca fica escura e é o que primeiro se vê. Fiquei pra morrer. Mordi a lingua, mordi as mãos, e consegui guardar a ansiedade extrema só pra mim, não xinguei (ele não teria culpa, mas eu o xingaria na mesma tempos atrás), fiquei doida.

Hoje acordei mais aliviada, provavelmente porque não tenho a pressão de ter de ir para a escola...